“Nada contra Chico Buarque, Caetano Velloso e a MPB, mas que existe uma fosso enorme entre eles e os grandes da música moderna (Schoenberg, Stravinsky e Cage) ou clássica, isso é inegável”
Frases desse tipo, ditas por um filósofo cioso e orgulhoso de sua ignorância filosófica das condições sociais que instituem o que é ou não merecedor de ser denominado legítimo na história, só demonstram o acerto da “rasteira e rastaqüera” sociologia. Às vezes é bom ter aulas com eles, pois é sempre diferente vivenciar o momento em que essas pérolas são ditas a apenas ler a crítica a eles. Estes mesmos pensadores instituem os dogmas a serem seguidos e compartilhados em uma longa escala social, verdades estas que saem puras de suas higiências bocas e vão se degradando até chegar ao mais comezinho jornalista. Os sociólogos desavisados as compram sem o menor pudor, pois nada melhor, a partir das categorias internalizadas hierárquicas acadêmicas, do que discutir qualquer coisa filosoficamente, ou com uma postura filosofante. Viram meros divulgadores destas verdades platônicas, essências puras destituídas de qualquer compromisso prático-empírico com o mundo, produto das especulações ideais advindas inconscientemente do mundo em que o pensador puro se insere (mas que ele insiste em não querer enxergar).
Enfim, presas do sistema nobiliárquico da Idade Média, em que as classificações hierárquicas figuravam como qualitativamente superiores “por-si” e “em-si”, acadêmicos de hoje nada mais são do que fruto da cadeia de distinção existente no meio acadêmico, reflexo mediado das lutas de classificações classistas que permeiam todo o universo da cultura.
REIFICAÇÕES PECULIARES 